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A engenharia vai à praia

Costa do Sauípe, ao norte de Salvador surge para ser o novo eldorado do turismo nacional e conquistar brasileiros que hoje viajam para resorts no Caribe. Neste empreendimento, balizado por rigorosas exigências ambientais, a Odebrecht recorreu ao uso de pré-moldados de concreto para a construção simultânea de cinco hotéis.

Em Sauípe, na chamada Costa dos Coqueiros, a 70 km de Salvador, está surgindo o maior complexo turístico da América do Sul. Para se ter uma idéia da monumentalidade do empreendimento, no final da primeira etapa de implantação os turistas terão 5 mil quartos à disposição. O Fundo de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) responde por 96,10% dos investimentos desta primeira fase. Os 3,90% restantes pertencem à própria Odebrecht, responsável pelas obras e proprietária da Fazenda Sauípe, com nada menos que 1.682,79 ha. Juntos, fundo e construtora formam a Sauípe S/A.

A primeira etapa se desdobra em duas fases. Na primeira fase, contará com cinco hotéis de alto padrão, seis pousadas, restaurantes, lojas, igreja, espaço para shows, alojamentos e moradias para funcionários. A Sauípe S/A responde pela contratação das empresas de fiscalização de obras, consultoria de engenharia e arquitetura, consultoria jurídica, auditoria fiscal e contábil, treinamento préoperacional, marketing e consultoria de operadores – um batalhão de profissionais que no auge das obras já contou com 4 mil trabalhadores.

"É uma mobilização de guerra", compara o engenheiro Severino Marques, gerente de engenharia da Odebrecht em Sauípe. Agraciado este ano com o prêmio Epaminondas M. do Amaral e um dos homenageados da 41a Reibrac pelos trabalhos sobre concreto de alto desempenho, Marques foi um dos responsáveis pelo projeto de pré-moldados empregados na construção dos hotéis, ponto alto das obras. Uma central de pré-moldados com quatro pistas foi instalada no canteiro, chegando a atingir a produção de 1,2 mil m2/dia (veja box).

Os cinco hotéis e seis pousadas desta primeira fase somam 1.650 módulos/quartos. Os projetos arquitetônicos do empreendimento são assinados pelos escritórios AFA (André Sá e Francisco Mota Arquitetos) e pela GSI (Gilberti Spittler International), este último responsável apenas pelo HL2 (nome técnico de um dos hotéis) e de seus projetos complementares, o que valeu ao escritório um prêmio da Society of American Registered Architects of New York Council. A rede Marriot deverá operar um dos hotéis cinco estrelas; à rede Accor caberá o outro hotel cinco estrelas destinado a convenções. A rede Superclubs responderá pelo hotel "all inclusive" e os demais estão sendo ainda negociados. Um campo de golfe com 18 buracos oficiais e 3 de treinamento, cujo padrão é desde já comparado ao dos melhores do mundo, é o destaque esportivo do Sauípe. Ainda no campo esportivo, o complexo conta com um clube eqüestre, clube de tênis e esportivo com quadras poliesportivas, campo de futebol society e quadras de paddle (uma variação do squash).

Simulacro made in Brazil

A proposta do empreendimento em Sauípe destoa bastante dos resorts recéminstalados no Nordeste. A escolha dos temas arquitetônicos das edificações, a metodologia construtiva empregada e os conceitos de durabilidade na seleção dos materiais dão uma medida do empreendimento. As pousadas temáticas, restaurantes típicos, boutiques, bares e lanchonetes inserem-se no conjunto chamado Vila Nova da Praia. Como se fosse uma vila de casas que tivesse crescido aleatoriamente, o conjunto reproduz elementos arquitetônicos baianos, como o Pelourinho, o casario de Ilhéus e até mesmo uma aldeia de pescadores. Apesar do "simulacro", a intenção é de que tudo pareça real, não um cenário.

Para contornar esse dilema, a Odebrecht recorreu a profissionais que pudessem dar aos acabamentos uma verossimilhança artesanal, até no que isso tem de "imperfeição". As texturas do revestimento nas fachadas das casas, a assimetria dos calçamentos e uma série de outros detalhes decorativos foram estudados para que se aproximassem, de forma natural, do conjunto arquitetônico histórico baiano. A intenção é contornar o artificialismo e apatia dos resorts inspirados no Caribe e Flórida. Os projetos de tematização foram elaborados pelo artista plástico Fernando Coelho. Os hotéis, por sua vez, reproduzem características do colonial ibérico e mourisco, com grandes coberturas em estrutura de madeiras nobres, como ipê e maçaranduba, e telhas de concreto.

Publicação da Revista Téchne nº42

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