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Alvenaria estrutural - Página 2

Obstáculos

As barreiras que restam para o desenvolvimento da alvenaria estrutural, entretanto, não estão ligadas a fatores técnicos. O sistema é simples e, como em qualquer outra obra, exige alguns cuidados de projeto e execução. Existem, de fato, algumas fronteiras que não podem ser transpostas, sob a pena de deslizes técnicos ou desperdício de recursos. Não é possível, por exemplo, construir prédios de escritórios que necessitam de grandes vãos livres ou apartamentos de altíssimo padrão.

Os problemas são outros: ausência de tradição do sistema no meio técnico nacional, falta de normas brasileiras e número insuficiente de fornecedores de blocos em todo o território nacional. "Alguns construtores ainda têm dificuldade para se adaptar à alvenaria estrutural", afirma o engenheiro Carlos Antonio Rizkallah, diretor da Prensil. Os blocos de silicocalcário fornecidos pela empresa, por exemplo, não são normalizados no País – um projeto nesse sentido vem se arrastando na ABNT há alguns anos.

Os outros tipos de bloco possuem normas, mas somente o concreto foi agraciado até hoje com um texto específico para cálculo estrutural. Cerâmica, silicocalcário e concreto celular autoclavado utilizam normas estrangeiras, como a inglesa BS- 5628. "Deveria haver uma norma geral que abordasse o projeto com todos os tipos de bloco, como acontece na Inglaterra", defende Carlos André Fois Lanna, consultor técnico da Selecta, fabricante paulista de blocos cerâmicos. De acordo com o presidente da Comissão de Estudos de Alvenaria Estrutural da ABNT, Nelson dos Santos Gomes, apenas as normas de ensaios de paredes estruturais referentes à compressão simples ou flexocompressão e à verificação da resistência à flexão servem, hoje, para todos os tipos de bloco.

Outro problema é a concentração excessiva de fornecedores de blocos estruturais na Região Sudeste do País. A maioria absoluta dos fabricantes localizados por Téchne está sediada em São Paulo. A mineira Sical, que fabrica blocos de concreto celular autoclavado, é uma das exceções, embora distribua seus produtos por todo o Brasil, conforme revela Roberto Araújo Coelho. Fora de Belo Horizonte, porém, a empresa possui filial apenas na capital paulista.

Cada bloco no seu galho

Observe as características básicas dos quatro tipos de blocos disponíveis no mercado brasileiro para a execução de alvenaria estrutural. Mas, atenção: a opção pelo concreto. silicocalcário, cerâmica ou concreto celular autoclavado depende das condições específicas de cada obra. Somente um estudo técnico e econômico detalhado pode garantir a certeza da boa escolha.

Bloco de concreto

Largamente empregado no Brasil esse tipo de bloco tem a seu favor o fato de possuir vários fornecedores e de ser o único a possuir norma brasileira para cálculo de alvenaria estrutural. Possui boa resistência a compressão - o mínimo exigido pelas normas é 4.5 MPa, mas alguns fabricantes chegam a produzir blocos com mais de 16 MPa -, entretanto, é mais pesado e não possui o mesmo isolamento térmico da cerâmica, por exemplo. O recorde brasileiro no número de pavimentos para alvenaria estruturai que emprega blocos de concreto é de 24.

Bloco cerâmico

Material mais leve que o concreto (alguns fabricantes dizem que cerca de 40%); tem a vantagem de possuir melhor isolamento térmico que o concorrente. Não alcança, porém, índices de resistência à compressão similares com a mesma geometria dos blocos. O edifício mais alto construído com blocos cerâmicos estruturais no Brasil possui oito pavimentos.

Bloco de siuco-calcário

Com apenas um fornecedor no mercado nacional, os blocos estruturais de silico-calcário são bastante utilizados -na Europa, onde a execução de alvenaria não-armada é tradicional e existe uma preocupação maior com o isolamento térmico. No Brasil, são fabricados blocos vazados para alvenaria armada de 6 MPa e maciços perfurados para não-armada de 10 MPa. O máximo que alcançou por aqui um edifício que empregou blocos estruturais de silico-calcário foi 14 pavimentos. É mais pesado que o bloco cerâmico.

Bloco de concreto celular autoclavado

Entre os tipos de bloco estruturais disponíveis no Brasil, é o menos empregado. Mesmo sendo maciço e, portanto, utilizado apenas em obras de alvenaria não-armada. Possui baixa densidade e é leve. A resistência à compressão do bloco de concreto celular pode chegar até 6 MPa, o que inviabiliza a execução de prédios altos. Competitivo até o quarto pavimento. Oferece bom isolamento acústico e resistência ao fogo.

Revista Téchne 34 – mai/jun – 1998. P.26-31

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