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A História da Arquitetura

Texto sob licença CC-BY-AS

Século XX



O Modernismo da Bauhaus

A Villa Savoye, do franco-suíço Le Corbusier, é um dos edifícios mais paradigmáticos da arquitetura funcionalista.

A Casa da Cascata, de Frank Lloyd Wright, um ícone da arquitetura orgânica.Logo nas primeiras décadas do século XX tornou-se muito clara uma distinção entre os arquitetos que estavam mais próximos das vanguardas artísticas em curso na Europa e aqueles que praticavam uma arquitetura ligada à tradição (em geral de características historicistas, típica do Ecletismo). Ainda que estas duas correntes estivessem, em um primeiro momento, cheias de nuances e meios-termos, com a atividade "revolucionária" proposta por determinados artistas, e principalmente com a atuação dos arquitetos ligados à fundação da Bauhaus na Alemanha, com a Vanguarda Russa na União Soviética e com o novo pensamento arquitetônico proposto por Frank Lloyd Wright nos EUA, a cisão entre elas fica bastante nítida e o debate arquitetônico se transforma, de fato, em um cenário povoado de partidos e movimentos caracterizados como tal.

A renovação estética proposta pelas vanguardas (especialmente pelo Cubismo, pelo Neoplasticismo, pelo Construtivismo e pela Abstração) no campo das artes plásticas abre o caminho para uma aceitação mais natural das propostas dos novos pensamentos arquitetônicos, baseados na crença em uma sociedade regulada pela Indústria, na qual a máquina surge como um elemento absolutamente integrado à vida humana e no qual a Natureza está não só dominada como também se propõem novas realidades diversas da natural.

De uma forma geral, as novas teorias que se discutem a respeito da Arte e do papel do artista vêem na Indústria (e na sociedade industrial como um todo) a manifestação máxima de todo o trabalho artístico: artificial, racional, preciso, enfim, moderno. A idéia de modernidade surge como um ideário ligado à uma nova sociedade, composta por indivíduos formados por um novo tipo de educação estética, gozando de novas relações sociais, na qual as desigualdades foram superadas pela neutralidade da razão. Este conjunto de idéias vê na arquitetura a síntese de todas as artes, visto que é ela quem define e dá lugar aos acontecimentos da vida cotidiana. Sendo assim, o campo da arquitetura abarca todo o ambiente habitável, desde os utensílios de uso doméstico até toda a cidade: para a arte moderna, não existe mais a questão artes aplicadas x artes maiores (todas elas estão integradas em um mesmo ambiente de vida).

A arquitetura moderna será, portanto, caracterizada por um forte discurso social e estético de renovação do ambiente de vida do homem contemporâneo. Este ideário é formalizado com a fundação e evolução da escola alemã Bauhaus: dela saem os principais nomes desta arquitetura. A busca de uma nova sociedade, naturalmente moderna, era entendida como universal: desta maneira, a arquitetura influenciada pela Bauhaus se caracterizou como um algo considerado internacional (daí a corrente de pensamento associada a ela ser chamada international style, título vindo de uma exposição promovida no MoMA de Nova Iorque).

Arquitetura contemporânea

A arquitetura praticada nas últimas décadas tem se caracterizado, de uma forma geral, como reação às propostas da arquitetura moderna: ora os arquitetos atuais relêem os valores modernos e propõem novas concepções estéticas (o que eventualmente se caracterizará como uma atitude dita "neomoderna"); ora eles propõem projetos de mundo radicalmente novos, procurando apresentar projetos que, eles próprios, sejam paradigmas anti-modernistas, conscientemente desrespeitando os criticados dogmas do modernismo.

As primeiras reações negativas à acusada excessiva dogmatização que a arquitetura moderna propôs no início do século surgiram, de uma forma sistêmica e rigorosa, por volta da década de 1970, tendo em nomes como Aldo Rossi e Robert Venturi seus principais expoentes (embora teóricos como Jane Jacobs tenham promovido críticas intensas, porém isoladas, à visão de mundo do Modernismo já nos anos 50, especialmente no campo do Urbanismo).

A crítica antimodernista, que em um primeiro momento se restringiu à especulação de ordem teórico-acadêmica logo ganhou experiências práticas. Estes primeiros projetos estão de uma forma geral ligados à idéia da revitalização do "referencial histórico", colocando explicitamente em cheque os valores anti-historicistas do Modernismo.

Durante a década de 1980 a revisão do espaço moderno evoluiu para a sua total desconstrução, a partir de estudos influenciados (especialmente) por correntes filosóficas como o Desconstrutivismo. Apesar de altamente criticada, esta linha de pensamento estético também se manteve restrita aos estudos teóricos e, na década de 1990, seduziram o grande público e se tornaram sinônimo de uma "arquitetura de vanguarda". Nomes como Rem Koolhaas, Peter Eisenman e Zaha Hadid estão ligados a este movimento. O arquiteto norte-americano Frank Gehry, apesar de ser apontado pela grande mídia como arquiteto desconstrutivo, tem sua obra criticada pelos próprios membros do movimento.

Conclusão

Apesar das tentativas de classificar as várias correntes da produção contemporânea, não há de fato um grupo pequeno de "movimentos" ou "escolas" que reúna sistematicamente as várias opções que tem sido feitas por arquitetos ao redor de todo o mundo.

Sinteticamente, pode-se dizer que a arquitetura continuamente apresentada pela mídia especializada como representativa do atual momento histórico (ou, por outro lado, como uma produção de vanguarda) pode ser resumida em quatro ou cinco grandes blocos, mas eles não seriam a reprodução fiel da verdadeira produção arquitetônica cotidiana, vivenciada ao redor de todo o mundo.

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